AM e FM + streaming e podcast: o rádio só tem a ganhar com a internet

Juliano Schüler
3 min readFeb 6, 2018

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No carro. No ônibus. No banho. Na academia ou numa corrida no parque. Em algum momento do dia você cruza com ele, o rádio. E já afirmo: das consideradas mídias tradicionais, o rádio foi quem melhor se relacionou com tudo o que a internet tem a oferecer. Enquanto jornal lida com a equação papel versus displays móveis, e a TV percebe segundas e terceiras telas roubando atenção de telespectadores de sua grade de programação, o rádio foi impulsionado e só tem a ganhar nessa relação com a internet.

Até o início dos anos 2000, ainda estávamos acostumados a consumir rádio nas convencionais ondas de MHz e KHz, o FM e o AM, respectivamente. E tinha que sintonizar o que se queria ouvir naquela hora para ouvir notícias, comentários ou as músicas de determinada faixa da programação. Esqueceu de sintonizar? Putz, já era.

Aí veio a internet e facilitou as coisas. Ela deu ao rádio mais uma frequência, o streaming, e mais um formato, o on demand (os mais populares chamados de podcasts). Além disso, deu ao rádio novos displays: os smartphones, agora receptores de conteúdo via 4G, wifi e o que mais inventarem.

E por que o rádio leva uma baita vantagem nesse relacionamento com a internet frente à TV e ao jornal? Simples. Quando você vê televisão, precisa dedicar sua atenção em dois sentidos: visão e audição. Para o jornal, a leitura requer a visão e a concentração para a devida compreensão. Mas quando você ouve, você está passivo para receber uma informação, ouvir um audiobook ou ouvir música. Você pode fazer tudo aquilo que escrevi na primeira linha e ao mesmo tempo seguir ouvindo o que você quiser, seja no AM, FM, via streaming ou algum podcast.

Incrível como a primeira mídia eletrônica que surgiu ainda no século XIX ganha um sopro de ar fresco, de vida nova, sendo capaz de se moldar a públicos cada vez mais nichados. E justamente por ter agora o impulso da internet, a mídia áudio ganha uma nova importância para a publicidade.

Afinal, num cenário no qual é possível segmentar a audiência pelo consumo de conteúdo, a penetração da mensagem do anunciante tende a ir além da epiderme. E o retorno fica ainda mais fácil de mensurar pelo meio digital, com métricas, acessos, tempo de permanência, etc.

E daqui para frente, só tende a melhorar. Esse artigo publicado no Proxxima fala de tendências para a publicidade em áudio digital, como smartaudio (dispositivos de assistência controlados por voz, por ex.: Alexa, Google Home); geolocalização de anúncios segmentados entregues por quem consome via mobile (de acordo com o gosto musical somados a idade, sexo, dispositivo e sistema operacional); áudio programático (similar ao que já aconteceu com display e vídeo); e sessão patrocinada (um formato simpático que já caiu no gosto de anunciantes e de plataformas como o Spotify, vide “os próximos 30 minutos de música não tem intervalo graças ao seguinte patrocinador”) são alguns exemplos.

Enganou-se quem achava que o rádio seria o patinho feio das mídias tradicionais. Se um dia foi patinho feio, virou cisne, como a fábula aquela. Rádio não se limita ao AM e ao FM. E não vai demorar para romper a barreira do streaming e do on demand. Nem Marconi, nem Landell de Moura, poderiam imaginar isso.

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Juliano Schüler

Strategist (Brand)+(Digital) | Creative (Planner)+(Copywriter) | MBA, Strategic Branded Content and Co-creation (PUCRS) | Building Brands with Purpose (NYU).